ECONOMIA COLABORATIVA – VOLTAMOS A TER VALOR

Muitos negócios estão surgindo com base na tal da economia colaborativa. O nome é moderno e de cara as pessoas imaginam uma coisa meio “new hippie”.
Na verdade, a economia colaborativa não é nenhuma novidade! Ela já é praticada desde do início das civilizações. Viver em grupos e colaborar faz parte da nossa natureza e da nossa sobrevivência.
A colaboração está no simples ato de pedir algo emprestado para o vizinho ou colega, onde estabelece-se uma rede de confiança e passa-se a compartilhar bens ou até serviços.
Com tanto acesso a informação, consumismo, tecnologia e busca pelo TER, foi preciso o planeta dar sinais que não estamos indo bem, para voltarmos as nossas origens. O que mudou foi o impacto dessa colaboração em ambientes de crise como os atuais.
Vivemos uma relação de crise econômica, mas também de moral, ética, princípios. Os valores voltam a ter um papel importante para o homem. O capitalismo convencional começa a dar sinais de esgotamento e a economia colaborativa surge como uma alternativa potencial.
A economia colaborativa tem dois grandes pilares: compartilhamento e colaboração, ambos sustentam uma camada consistente de confiança. A confiança vem do compartilhamento de informações e experiências, validando produtos e serviços. Isso dá condições de igualdade a todos, mas preserva a individualidade de quem executa ou produz algo. Ou seja, fazendo um bom trabalho, é possível obter o sucesso e o reconhecimento, mesmo sem ter recursos para projetar-se. O próprio esforço é validado, gerando confiança e possibilidades maiores por quem os utiliza.
A economia colaborativa alimenta-se dos recursos disponíveis na multidão, incluindo recursos humanos, conhecimento e, principalmente, o tempo. Com isso fortalece a sustentabilidade e favorece a equidade entre pequenos e grandes. Finalmente uma forma justa de reconhecer os talentos.
Esse tipo de proposta acaba com a dependência do Estado e burocracia, enfraquecendo as grandes instituições monopolistas. Ela exige a revisão dos modelos tradicionais e  possibilita pequenos incomodarem os grandes pela, aparentemente simples, geração de confiança. Aparentemente, porque a confiança vem de atitudes morais, éticas e qualitativamente consistentes.
Esse modelo econômico permite empresas como a UBER, por exemplo, se tornar a maior rede de táxi, sem possuir sequer um único veículo. O mesmo acontece com a Airbnb e tantas outras.
A economia colaborativa ou compartilhada foca no problema.

Você precisa do furo na parede, não da furadeira.

Dentro desta lógica a economia colaborativa não tem limites. A maioria dos desperdícios e altos custos estão no meio da cadeia produtiva. Quem atua em atividades operacionais ponte, entre o problema e a solução, acaba não sendo tão bem remunerado ou reconhecido nos mercados tradicionais.
Muitas são as profissões meio que sofrem com a lógica econômica tradicional, que desprestigia atividades operacionais. O profissional responsável pelo recrutamento e seleção nas empresas, por exemplo, possui uma carga operacional enorme, cujo o resultado – a contratação da pessoa certa no lugar certo – é reconhecida pelas empresas. No entanto, para encontrar estes profissionais ele entrevistou inúmeros outros que foram retirados do processo. Ignorar estes profissionais entrevistados é tão questionável quanto não considerar o trabalho total do recrutador.
O profissional não selecionado com certeza tem um valor enorme para outras empresas. Que tal se o selecionador pudesse recomendar estes candidatos para outras empresas sendo remunerado por isso?
Como benefício disso teríamos contratações mais baratas e rápidas para as empresas, menor ansiedade do candidato e remuneração extra para os selecionadores. Todos os envolvidos ganham.
A economia colaborativa traz profundidade e humanização nas relações, sobretudo aquelas que envolvem talento. Afasta-se do conceito de produção de emprego e dinheiro e consolida-se como uma alternativa para gerar propósito, trabalho e reconhecimento, seja econômico ou na forma de bem-estar (qualidade de vida).
Não tem nada a ver com abraçar arvores. É muito mais uma forma de garantir possibilidades justas de participar efetivamente da economia, valendo-se do talento e esforço e não simplesmente do poderio monetário.

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